Era só mais uma noite de verão...


Era só mais uma noite de festa, da típica festa popular. Sábado à noite, toda a gente estava na rua e eu estava pronta para subir ao palco, quando me comecei a sentir observada. Tendo em conta a que eu estava vestida com a minha roupa de dança (que não é nada convencional) achei a sensação normal e ignorei. 
Mesmo assim senti a necessidade de olhar à minha volta para ver se estava mesmo alguém a olhar para mim e não para o meu grupo. E foi aí que te vi a olhar para mim.
Estavas com camisa branca e calças de ganga azuis, tal como diz a canção.
Tinham passado dois anos desde a última vez que te tinha visto e estavas igual mas estranhamente diferente.
O cabelo estava um pouco maior (ultrapassava-te ombros) e mais escuro, tinhas deixado crescer o bigode e parecias ter uma pequena barba no queixo e estavas mais moreno. 
Mas não era isso que estava diferente. 
A forma como me estavas a olhar era diferente, como se durante senão tivessem passado 2 anos, mas sim 20.
Era mesmo aquele olhar de alguém mais velho, que olha para os mais novos com sabedoria. Mas acho que contigo não era isso, era sim um olhar triste de quem sabia que tinha errado e que tinha aprendido da pior forma, como quem diz "Já sei do que estavas falar e desculpa não ter acreditado em ti. Afinal eu é que não percebia nada disto."
E depois sorriste, ou pelo menos tentaste.
Eu também tentei fazer o meu melhor sorriso como quem diz "Está tudo bem já passou."
A verdade é que eu não sabia se estava tudo bem e se tinha tudo passado porque não falávamos à 2 anos. E eu já não era a mesma pessoa que tu tinhas conhecido no Secundário e tu também não. Havia muita coisa que tinha acontecido desde esse tempo, mas havia uma coisa que não tinha mudado o tempo continuava a para quando olhavas para mim e era como se mais ninguém existisse. 
Inclusive é demorei um segundo a perceber que me estavam a chamar para tirar uma foto. Bastou um segundo em que me virei para trás para dizer que já ia para depois de me virar e tu já não lá estares. 
E enquanto eu olhava para o resto das pessoas em movimento, acabava de me aperceber que havia outra coisa que não tinha mudado. O nosso olhar tinha apenas demorado alguns segundos, mas tinha parecido uma eternidade. E que mesmo assim não tinha sido tempo suficiente a olhar para ti.



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